quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Papa Bento XVI. O legado que deixará à Igreja é um tesouro incalculável, desde a sua teologia a sua humildade cristã

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A Doutrina Católica ensina que o Papa é o “Servo dos Servos de Cristo”. Sob ele recai o múnus de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja.
Nos primeiros séculos do cristianismo, mais precisamente no século III, a Igreja Católica sofreu grandes abalos, ora advindos das perseguições bárbaras e pagãs, ora dos próprios membros da Igreja, com suas heresias acerca da Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Crises como as do Gnosticismo e do Arianismo teriam destruído a Igreja, dada a proporção de seus seguidores, não fosse a providência divina e a assistência do Espírito Santo ter suscitado grandes santos para a defesa de nossa fé, dando cumprimento a promessa de Cristo de que “as portas do Inferno não prevalecerão”.
O ano de 451 foi marcado pelas grandes controvérsias cristológicas. Apartados da fé apostólica, inúmeros bispos passaram a acreditar na heresia monofisista. Essa heresia afirmava que Cristo possuía apenas a natureza divina. Contra isso, levantou-se o Papa São Leão Magno no seu famoso “Tomo a Flaviano”, no qual declarava a união hipostática de Cristo, ou seja, que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. O discurso do Santo Padre foi aclamado pelos bispos conciliares, reunidos em Calcedônia, sob a célebre frase: “Pedro falou pela boca de Leão”.
A Doutrina Católica ensina que o Papa é o “Servo dos Servos de Cristo”. Sob ele recai o múnus de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja. Por isso, o Santo Padre “é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fiéis”. Como sucessor de São Pedro, o Sumo Pontífice tem o santo dever de confirmar a todos na fé (Luc. 22, 31-32). Esse carisma da unidade na fé e na caridade fez com que o escritor inglês G.K. Chesterton dissesse uma vez, parafraseando um antigo ditado: “Se o Papa não existisse, seria necessário inventá-lo”.
Assim, se os Bispos de Calcedônia diziam: “Pedro falou pela boca de Leão” – hoje podemos afirmar que Pedro está falando pela boca de Bento XVI. Joseph Ratzinger é o Papa certo para tempos incertos. Num momento em que a Igreja vive uma encruzilhada entre a apostasia do relativismo e o martírio da ridicularização, o testemunho valente do Bispo de Roma tem dado aos católicos, principalmente aos jovens, o impulso necessário para a vivência virtuosa e apostólica da fé cristã.
No final do ano passado, quando todos os prognósticos da mídia certificavam a falência da autoridade papal, devido às corajosas condenações do Papa Bento XVI ao aborto e em defesa do matrimônio, a mensagem do Santo Padre encontrou eco onde menos se esperava: na juventude. Incentivando os fiéis católicos e os homens de boa vontade – até mesmo os de outras religiões – a se unirem em defesa dos princípios inegociáveis da dignidade humana, o Papa pediu que a verdade fosse anunciada sem medo de represálias.
Contra todos os prognósticos da mídia esquerdista mundial a juventude está com o Papa e deseja ardentemente ver a Igreja de sempre reinante.

“No diálogo com o Estado e a sociedade, naturalmente a Igreja não tem soluções prontas para as diversas questões. Mas, unida às outras forças sociais, lutará pelas respostas que melhor correspondam à justa medida do ser humano. Aquilo que ela identificou como valores fundamentais, constitutivos e não negociáveis da existência humana, deve defendê-lo com a máxima clareza. Deve fazer todo o possível por criar uma convicção que possa depois traduzir-se em ação política”.
Para surpresa de todos, mas sobretudo daqueles que são inimigos da Igreja Católica, o pedido do Santo Padre foi atendido. As ovelhas ouviram a voz de seu pastor (Jo 10.3). Em todo mundo começaram a surgir movimentos em defesa da vida e da família.
A maior marcha pela vida da história americana foi um dos muitos movimentos ao redor do mundo que atendeu ao apelo do Papa Bento XVI.
No Reino Unido, mais de mil padres e bispos assinaram uma carta aberta ao Governo contra a união de homossexuais. Na França, 800 mil pessoas foram às ruas de Paris dizer um veemente não ao projeto do governo socialista de legalizar o “casamento” gay. Na Irlanda, 30 mil pessoas marcharam contra a legalização do aborto. E nos EUA, na capital da terra da liberdade, Washington D.C., 650 mil pessoas, na sua maioria jovens, protestaram contra os 40 anos da aprovação do aborto no país . Foi a maior marcha pela vida de toda a história dos americanos.
Há poucos dias, durante outra Marcha pela Vida nos EUA, mas dessa vez em São Francisco, 50 mil pessoas pediram o fim da lei do aborto no Estado americano. Como fez durante a Marcha pela Vida em Washingnton D.C., Bento XVI enviou uma mensagem de apoio aos participantes do protesto. Uma das coordenadoras do evento, Eva Muntean, revelou ter ficado admirada com o silêncio que os manifestantes fizeram para se ouvir as palavras do Santo Padre: “Podia-se escutar um alfinete cair. Estava tão silencioso, todo mundo prestava atenção. Isso foi muito especial para nós”.
Pedro fala pela boca de Bento XVI. Sim, e o legado que esse Papa deixará à Igreja é um tesouro incalculável, desde a sua teologia a sua humildade cristã. Bento XVI é o Papa da Dominus Iesus[01], da certeza de que a única Igreja de Cristo é a Católica. O Papa que desmantelou a Teologia da Libertação[02] e pôs abaixo a babilônia dos teólogos liberais. O Papa que ensinou ao homem que Cristo não veio trazer um mundo melhor, veio trazer Deus. Que desmascarou a “ditadura do relativismo”, mostrando que o único caminho de felicidade para o homem é a verdade de Cristo. Que recordou os povos de que “caridade sem verdade é sentimentalismo”[03]e que “um governo sem princípios morais não passa de uma quadrilha de malfeitores”. Que “Deus é amor”[04] e que somos “Salvos na Esperança”[05]. E, finalmente, que “a porta da fé[06], que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós”.
O católico tem um amor natural pelo sacerdote, ainda mais pelo Papa. São Josemaria Escrivá, no seu livro “Caminho”, agradecia a Deus com a seguinte expressão: “Obrigado, meu Deus, pelo amor ao Papa que puseste no meu coração”.
Na Santa Missa “Pro Eligendo Romano Pontifice”[07] – Missa de abertura do Conclave – o Cardeal Joseph Ratzinger encerrou sua memorável homilia rogando a Deus para que mandasse um novo pastor à Igreja, e que este fosse capaz, acima de tudo, de guiar o rebanho “ao conhecimento de Cristo, ao seu amor, à verdadeira alegria”. A festa que se seguiu na Praça São Pedro após o anúncio do Cardeal Medina de que Joseph Ratzinger era o novo Papa só viria a confirmar o pedido do antigo cardeal a Deus. Como bem disse o jornalista Peggy Noonan em um artigo para o The Wall Street Journal, “o primeiro milagre de João Paulo II não foi o da sua beatificação, o primeiro milagre de João Paulo II foi Bento XVI”.
CARMADÉLIO

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