quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Dom Tomasi considera “injusto” relatório da ONU sobre abusos de menores.

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Dom Silvano TomasiO Comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos das Crianças publicou na última semana um documento com suas observações finais sobre os relatórios da Santa Sé e de cinco outros Estados Partes na Convenção sobre os Direitos da Criança (Congo, Alemanha, Portugal, Federação Russa e Iêmen). Sobre as duras acusações de abusos contra menores cometidos por membros do clero, o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom Silvano Maria Tomasi, destacou que recebeu com surpresa a análise apresentada e que em alguns aspectos configuram-se “muito injustas”.
“Não se pode, em dois minutos, responder a todas as afirmações feitas – algumas muito injustas – no documento conclusivo do Comitê. A Santa Sé responderá, porque é um membro, um Estado Parte da Convenção, que a ratificou e pretende observar no espírito e na letra essa Convenção, sem acréscimos ideológicos ou imposições que estão fora da Convenção”, afirmou o Observador em entrevista à Rádio Vaticano.
Questionado sobre como responder às acusações, Dom Tomasi disse que é preciso aguardar e analisar com atenção o que foi descrito pela Comissão da ONU, mas considerou que o documento “parece não ter sido atualizado” e não analisou as medidas tomadas pela Igreja nos últimos anos.
“A primeira reação foi de surpresa, porque o aspecto negativo do documento que produziram faz pensar que tenha sido preparado antes da reunião da Comissão com a delegação da Santa Sé, que deu em detalhes respostas precisas sobre vários pontos, que não foram, em seguida, incluídas no documento final ou pelo menos não parecem ter sido levadas seriamente em consideração. De fato, o documento parece não ter sido atualizado, considerando o que nesses últimos anos foi feito no âmbito de Santa Sé, com as medidas tomadas diretamente pela autoridade do Estado da Cidade do Vaticano e depois pelas Conferências Episcopais nos vários países. Portanto, falta a perspectiva correta e atualizada que realmente viu uma série de mudanças para a proteção das crianças que me parece difícil de encontrar, no mesmo nível de compromisso, em outras instituições ou até mesmo em outros Estados. Isto é simplesmente uma questão de fatos e evidências que não podem ser distorcidos!”, frisou o representante da Santa Sé.
comiteVeja outras considerações de Dom Tomasi à Rádio Vaticano a respeito das observações feitas pelo Comitê da ONU.
RV – Como responder de maneira precisa a essas acusações do Comitê da ONU?
Dom Tomasi - Não se pode em dois minutos responder a todas as afirmações feitas – algumas muito injustas – no documento conclusivo do Comitê. A Santa Sé responderá, porque é um membro, um Estado Parte da Convenção, que a ratificou e pretende observar no espírito e na letra essa Convenção, sem acréscimos ideológicos ou imposições que estão fora da Convenção. Por exemplo, a Convenção sobre a proteção das crianças, em seu preâmbulo, fala da defesa da vida e da proteção das crianças antes e depois do nascimento; enquanto a recomendação que é feita à Santa Sé é a de mudar a sua posição sobre a questão do aborto! É claro que, quando uma criança é morta não existem mais direitos! Então, isso me parece uma verdadeira contradição com os objetivos fundamentais da Convenção que é o de proteger as crianças. Este Comitê não fez um bom serviço para as Nações Unidas, tentando introduzir e pedir à Santa Sé de mudar o seu ensinamento não negociável! É um pouco triste ver que o Comitê não compreendeu a natureza e as funções da Santa Sé, que expressou claramente ao Comitê a sua decisão de realizar os pedidos da Convenção sobre os Direitos da Criança, mas definindo e protegendo primeiramente os valores fundamentais que tornam a proteção da criança real e eficaz.
RV – A ONU tinha dito no início que o Vaticano havia respondido melhor do que outros países sobre a proteção dos menores. O que mudou?
Dom Tomasi - Na introdução do relatório final foi reconhecida a clareza das respostas; não se procurou evitar nenhum pedido feito pelo Comitê, com base na evidência disponível, e onde não tinha uma informação imediata, foi prometido fornecê-la no futuro, segundo as diretrizes da Santa Sé, assim como fazem todos os governos. Parecia um diálogo construtivo e acredito que deva permanecer como tal. Portanto, considerada a impressão que tivemos do diálogo direto da Delegação da Santa Sé com o Comitê e o texto das conclusões e recomendações, é tentador dizer que provavelmente aquele texto já tinha sido escrito e não reflete os suplementos e a clareza, com exceção de algumas atualizações de última hora. Portanto, devemos, com serenidade e com base nas evidências – porque não temos nada a esconder – levar adiante a explicação das posições da Santa Sé, responder às perguntas que ainda permanecem, de modo que o objetivo fundamental que deve ser atingido – a proteção das crianças – possa ser alcançado. Fala-se de 40 milhões de casos de abusos de crianças no mundo. Infelizmente, alguns desses casos – embora em proporções reduzidas em comparação com tudo o que está acontecendo no mundo – dizem respeito a membros da Igreja e a Igreja respondeu, reagiu e continua a fazê-lo! Devemos insistir nesta política de transparência e não tolerância de abusos, porque até mesmo um só caso de abuso de criança é demais!
RV – O que pode ter acontecido?
Dom Tomasi - Provavelmente, as organizações não governamentais – que têm interesse na homossexualidade, no casamento gay e outras questões – apresentaram certamente suas observações e de alguma forma reforçaram uma linha ideológica.
Fonte Vaticano/via A12.com

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